«Conhecereis a verdade e a verdade libertar-vos-á» Jo. 8, 32.
O acontecimento do 25 de Abril de 1974, cujo 50º aniversário está a decorrer neste ano, é de tal modo importante que exige de todos nós uma digna celebração.
Para tal, exige-se reconhecer os antecedentes, o próprio evento e o percurso que nele se iniciou até hoje. Igualmente, é de justiça reconhecer os intervenientes, sejam personalidade sejam instituições.
Em todo o processo do pós 25 de Abril evoca-se a liberdade como a grande conquista, associando-a à democracia. Sem dúvida, que quem viveu nos tempos que antecederam este acontecimento reconhecem o valor existencial destas conquistas.
Porém, nenhum valor social ou cultural se poderá conjugar tão só por si. Neste caso, tratando a liberdade como um bem imprescindível para a dignidade humana e para o bem comum, ela deve requerer a exigência da verdade para ser lúcida e não se desviar.
Atendendo a que a nossa cultura e civilização não se compreendem sem as suas raízes judaico – cristãs, a liberdade conjugada com a verdade exige a sua fundamentação no Amor. Neste sentido, é muito elucidativa a advertência de S. Paulo na sua primeira carta aos Corintios (13, 1 ss) quando refere que sem o Amor nada tem significado nem expressão.
Deste modo, tal como aconteceu com a herança do Iluminismo, pela fractura que provocou com a nossa identidade civilizacional e cultura, igualmente a herança do post 25 de Abril de 1974, sem retirar toda sua riqueza e progresso, poderia ter ido mais longe se conjugasse a liberdade com a verdade, e estas com o Amor, dando, deste modo pleno cumprimento à profunda dignidade do ser humano e ao bem comum que exigem no concreto a verdadeira igualdade e fraternidade.
Não podemos deixar a igualdade e a fraternidade tão só no domínio ideológico ou de slogan; não, muito pelo contrário, para atingirem o ser humano exigem a sua prática que só acontecerá quando tivermos todos, mas todos, a coragem e a lucidez de caminharmos até ao seu Fundamento. Este não poderá ser outro que Aquele a quem Jesus de Nazaré denominou de Pai – Deus. Só Ele nos gera como filhos e como tal sustem a autêntica fraternidade e provoca a verdadeira igualdade.
Como tal temos de percorrer o itinerário da Doutrina Social da Igreja, pioneira em oferecer à sociedade uma bússola segura para as relações sociais, nas diversas áreas em que se desenrola a actividade humana e como se articula a estrutura social no sentido de promover a justiça e a paz. Atendendo ao Evangelho e mesmo à Escritura, reconhecendo as determinações da Tradição Viva da Igreja e atenta à expressão cultural de cada época, a Igreja oferece orientações fundamentadas e seguras para a pessoa e para a sociedade.
Remonta ao século XIX, com o Papa Leão XIII, interpelado pelo proletariado, que emergem as primeiras orientações do que chamamos Doutrina Social da Igreja. Interessa-nos aqui reter o apelo constante para a participação pública (politica) dos cristãos sempre de acordo com a mensagem do Evangelho.
Entre muitos grupos e movimentos e por que teve uma influência decisiva na mudança de regime, oferecendo coordenadas para um verdadeiro 25 de Abril de 1974, vivido na liberdade autêntica como fica dito atrás, teremos de mencionar a importância da Acção Católica, nomeadamente da JOC (Juventude Operária Católica) e o grupo de cristãos da capela do Rato em Lisboa.
Não reconhecer este papel é escamotear a história e faltar aos fundamentos para o que se gerou neste acontecimento e em todas as acções que nos anos imediatamente a seguir ao 25 de Abril, apelidados de anos conturbados em que a liberdade e a democracia estiveram em perigo, no sentido de repor o genuíno do que se pretendeu alcançar com a coragem e determinação de tantos que ao lado das Forças Armadas abriram Portugal para o futuro.
Habitualmente refere-se o 25 de Novembro de 1975 e nada se diz das manifestações dos cristãos no Verão desse mesmo ano. Quem viveu essa época, reconhece a importância da militância de tantos, milhares e milhares, que de modo organizado, liderados por leigos conscientes da sua participação politica, mobilizaram todos as pessoas de boa vontade para exprimirem a sua vontade firme de edificarem uma sociedade em liberdade, em democracia, em verdadeira igualdade e fraternidade, assente na justiça e na paz, mas conjugando a liberdade com a verdade e com a Amor.
Para quem participou nestas manifestações foi entusiasmante ver uma grande parte das dioceses portuguesas à volta dos seus bispos a exigir que os ideais do 25 de Abril não fossem adulterados ou mesmo destruídos.
Contudo, não podemos deixar de referir que a pretexto da liberdade individual e da autodeterminação de cada pessoa, se tenha demolido os alicerces da nossa civilização e da nossa cultura. Refiro os ataques à vida, como o aborto e a eutanásia, na destruição da família, confundindo relações e afectos com a instituição familiar, a imposição da ideologia de género contra a realidade criatural emergente da criação e da natureza humana, a tendência para não distinguir a pessoa humana dos outros seres da criação.
Há padrões que congregam as pessoas para uma identidade cultural e civilizacional. Sem estas referências inabaláveis as pessoas ficam à deriva e geram-se conflitos porque cada um organiza e defende o seu mundo e os seus interesses. Algo de parecido se está a passar nos tempos em que vivemos.
Na verdade, «esta tem algo de positivo a oferecer à liberdade e à igualdade. Que sucede quando não há a fraternidade conscientemente cultivada, quando não há uma vontade política de fraternidade, traduzida numa educação para a fraternidade, o diálogo, a descoberta da reciprocidade e enriquecimento mútuo como valores?», pergunta-se o Santo Padre.
Responde, sublinhando que «sucede que a liberdade se atenua, predominando assim uma condição de solidão, de pura autonomia para pertencer a alguém ou a alguma coisa, ou apenas para possuir e desfrutar» (nº 103.
Realmente, «isso não esgota de maneira alguma a riqueza da liberdade, que se orienta sobretudo para o amor» (nº 103).
Acrescenta ainda o Papa Francisco, «para se caminhar rumo à amizade social e à fraternidade universal, há que fazer um reconhecimento basilar e essencial: dar-se conta de quanto vale um ser humano, de quanto vale uma pessoa, sempre e em qualquer circunstância» (nº 106).
De igual modo, sublinha o Santo Padre, «não podemos deixar de afirmar que o desejo e a busca do bem dos outros e da humanidade inteira implicam também procurar um desenvolvimento das pessoas e das sociedades nos distintos valores morais que concorrem para um amadurecimento integral» (nº 112).
Esta coincidência leva-nos a valorizar a presença dos cristãos no meio do mundo à maneira de fermento, capazes de dialogar com o mundo e oferecendo-lhe em gestos concretos as determinações do Evangelho, e partilhando com os anseios e preocupações de todos os homens e mulheres de boa vontade decidirmo-nos por edificar uma verdadeira cultura que valorize a dignidade do ser humano e promova o bem comum.
Como refere o Papa Francisco no texto atrás citado, «a partir do “amor social”, é possível avançar para uma civilização do amor a que todos nos podemos sentir chamados» (nº 183). Realmente, «com o seu dinamismo universal, a caridade pode construir um mundo novo, porque não é um sentimento estéril, mas o modo melhor de alcançar vias eficazes de desenvolvimento para todos» (nº 183).
Na verdade, «o amor social é uma “força capaz de suscitar novas vias para enfrentar os problemas do mundo de hoje e renovar profundamente, desde o interior, as estruturas, organizações sociais, ordenamentos jurídicos”» (nº183).
Mais do que um acontecimento do passado e estático, o 25 de Abril de 1974, porque é realizado por pessoas e para as pessoas, todas as pessoas; porque envolve e determina a vida de toda a sociedade, é um processo inacabado e sempre aberto para o futuro. Saibamos descobrir o horizonte para o qual devemos caminhar.
João Lavrador, Bispo de Viana do Castelo
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