A realizadora portuguesa Margarida Gil vai estar pela primeira vez no festival de Berlim, com o filme “Mãos no Fogo” rodado em Ponte de Lima, e diz-se disposta “a fazer todo o possível” para que a obra tenha espectadores em Portugal.
O festival alemão começa esta quinta-feira, “Mãos no fogo” será exibido, em estreia mundial, a partir da próxima semana e Margarida Gil admite, em entrevista à agência Lusa, a expectativa de que a presença em Berlim “abra horizontes não só internacionais, como nacionais”.
“O filme tem tanto que pensar, está lá tanta coisa, que permite vários olhares. Acho que as pessoas vão se agarrar. Tenho muita confiança neste filme”, afirmou a realizadora, de 73 anos.
“Mãos no Fogo”, com produção da Ar de Filmes, inspira-se livremente na obra “A volta no parafuso”, de Henry James, para contar a história de uma jovem realizadora que, a finalizar um documentário sobre grandes solares do Douro, descobre uma casa centenária onde conhecerá os atos de maldade e os segredos de uma família peculiar.
“Eu acho que este filme é bastante um clássico e tem questões que existem nas famílias, na sociedade, e essa violência que está lá e que é uma forma de administração do terror, acho que diz bem com esta época”, contou a realizadora.
O filme foi rodado numa propriedade em Ponte de Lima, onde Margarida Gil tinha já filmado na primeira longa-metragem, “Relação fiel e verdadeira” (1987).
“A casa existe, está intocável praticamente há 400 anos e tem qualquer coisa da atmosfera [de terror] do livro. E lembrava-me muito bem daquela cozinha [central no filme] e achei incrível estar tal e qual”, disse.
O elenco de “Mãos no Fogo” conta com Carolina Campanela, Rita Durão, Marcelo Urgeghe e Adelaide Teixeira, entre outros, e a direção de fotografia é de Acácio de Almeida.
Quando foi anunciada, em janeiro, a inclusão do filme no festival de Berlim, o diretor artístico, Carlo Chatrian, apresentou “Mãos no Fogo” como “um tributo pessoal” de Margarida Gil ao cinema.
À Lusa, a realizadora explica que ter no filme uma personagem realizadora – que filma de câmara e tripé, que faz medições de luz e gravações em bobines, que regista notas de produção como um diário pessoal – é fazer “uma reflexão sobre todas as coisas que eram necessárias e deixaram de ser”, como gravadores e película de filme.
“O cinema faz parte do núcleo central do filme e há referências a realizadores, sim”, disse.
Margarida Gil, que nasceu na Covilhã em 1950 e estudou em Lisboa, considera que entrou no cinema quando achou “que tinha alguma coisa para dizer”, em 1987, com “Relação Fiel e Verdadeira”.
Na verdade, Margarida Gil já estava há muito envolvida no cinema. Nos anos 1970, em paralelo ao trabalho na RTP, foi argumentista, produtora, atriz, nomeadamente com o realizador João César Monteiro, com quem foi casada, e fez parte da cooperativa de cinema Grupo Zero, que também contava com Solveig Nordlund, Alberto Seixas Santos e Acácio de Almeida.
Os filmes foram surgindo de impulsos, sonhos, leituras.
“Eu não procuro assuntos, de todo, nunca me aconteceu. Muitas vezes veem de sonhos, o ‘Perdida Mente’ (2009) nasceu de um sonho, há coisas neste filme que veem de sonhos. O meu inconsciente é bastante dinâmico. (…) Isso de contar histórias não me diz nada. Eu gosto de mostrar o mundo”, disse.
“Mãos no Fogo” não tem ainda data de estreia confirmada nos cinemas portugueses, mas Margarida Gil diz-se “mesmo disposta a fazer todo o possível para que o filme tenha o máximo de público. Que veja. Não é para ter números. É que veja”, sublinhou.
“É preciso que as pessoas ponham de lado preguiça, ignorância, ideias feitas e vão ver. Dá tanto trabalho, custa tanto dinheiro, mexe com tanta gente que depois o filme ficar na gaveta é inaceitável – ou ser maltratado, como me aconteceu tantas vezes”, criticou.
Margarida Gil também lamenta que o cinema português tenha poucos espectadores em sala e que em Portugal não exista uma cultura defensora como em Espanha, nem uma política de exibição protetora como em França.
“O cinema português, caramba, é muito pujante e muito bom! Há filmes muito bons, gente novíssima, realizadoras novas a aparecer. O povo português está habituado a todas as porcarias que lhe impingem desde o 25 de abril. Todas as salas de cinema eram cheias dos subprodutos que a indústria americana impunha, em todo o mundo”, afirmou.
O festival de cinema de Berlim decorrerá de 15 a 25 de fevereiro e o filme “Mãos no Fogo” está integrado na secção competitiva “Encontros”, tendo sessões marcadas entre os dias 22 e 25.
A associação ambientalista Zero criticou a CCDR-Norte por ter colocado em consulta pública o plano de gestão do aterro da Valorminho, em Valença, considerando o projeto “ilegal” e um “atentado ao ambiente”.
Doze pessoas morreram e 453 foram detidas por condução com taxa de álcool no sangue considerada crime, nos primeiros oito dias das operações de Natal e Ano Novo realizadas pela GNR e pela PSP.
Viana do Castelo celebra mais um talento desportivo local. A velejadora Luísa Peres, natural da cidade, foi distinguida pelo Comité Olímpico de Portugal com o estatuto de Esperança Olímpica de Vela, após a sua participação no recente Campeonato do Mundo de Seniores, realizado na China.
O Largo das Neves volta a ser, este sábado, 27 de dezembro, ponto de encontro da comunidade com a realização da tradicional Fogueira de Natal. A edição deste ano contará com os DJs Marshall Hall e Pedro Pereira, prometendo uma noite de música, convívio e celebração coletiva.
O distrito de Viana do Castelo está entre os 11 distritos de Portugal continental colocados sob aviso amarelo pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), devido à persistência de valores baixos da temperatura mínima. O aviso estará em vigor entre a meia-noite de 26 de dezembro e as 6 horas de 27 de dezembro, com exceção das localidades junto ao litoral, onde o impacto do frio poderá ser menos intenso.
A Escola Secundária de Monserrate, certificada como EPAS e Escola Embaixadora do Parlamento Europeu, conquistou pela quarta vez consecutiva uma viagem ao Parlamento Europeu, em Estrasburgo, fruto de um ano repleto de atividades educativas, exposições, workshops, encontros nacionais, desafios e concursos.
Ângela Pereira, jovem de 23 anos natural de Viana do Castelo, faleceu na manhã desta quinta-feira, Dia de Natal, no Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto. A sua história tinha comovido milhares de pessoas nos últimos dias, após um apelo urgente por apoio médico partilhado nas redes sociais.