Logo
Mundial

Filme rodado em Ponte de Lima vai estrear em Berlim

14 Fevereiro, 2024 | 18:25
Partilhar
Pedro Xavier
3 min. leitura

A realizadora portuguesa Margarida Gil vai estar pela primeira vez no festival de Berlim, com o filme “Mãos no Fogo” rodado em Ponte de Lima, e diz-se disposta “a fazer todo o possível” para que a obra tenha espectadores em Portugal.

O festival alemão começa esta quinta-feira, “Mãos no fogo” será exibido, em estreia mundial, a partir da próxima semana e Margarida Gil admite, em entrevista à agência Lusa, a expectativa de que a presença em Berlim “abra horizontes não só internacionais, como nacionais”.

“O filme tem tanto que pensar, está lá tanta coisa, que permite vários olhares. Acho que as pessoas vão se agarrar. Tenho muita confiança neste filme”, afirmou a realizadora, de 73 anos.

“Mãos no Fogo”, com produção da Ar de Filmes, inspira-se livremente na obra “A volta no parafuso”, de Henry James, para contar a história de uma jovem realizadora que, a finalizar um documentário sobre grandes solares do Douro, descobre uma casa centenária onde conhecerá os atos de maldade e os segredos de uma família peculiar.

“Eu acho que este filme é bastante um clássico e tem questões que existem nas famílias, na sociedade, e essa violência que está lá e que é uma forma de administração do terror, acho que diz bem com esta época”, contou a realizadora.

O filme foi rodado numa propriedade em Ponte de Lima, onde Margarida Gil tinha já filmado na primeira longa-metragem, “Relação fiel e verdadeira” (1987).

“A casa existe, está intocável praticamente há 400 anos e tem qualquer coisa da atmosfera [de terror] do livro. E lembrava-me muito bem daquela cozinha [central no filme] e achei incrível estar tal e qual”, disse.

O elenco de “Mãos no Fogo” conta com Carolina Campanela, Rita Durão, Marcelo Urgeghe e Adelaide Teixeira, entre outros, e a direção de fotografia é de Acácio de Almeida.

Quando foi anunciada, em janeiro, a inclusão do filme no festival de Berlim, o diretor artístico, Carlo Chatrian, apresentou “Mãos no Fogo” como “um tributo pessoal” de Margarida Gil ao cinema.

À Lusa, a realizadora explica que ter no filme uma personagem realizadora – que filma de câmara e tripé, que faz medições de luz e gravações em bobines, que regista notas de produção como um diário pessoal – é fazer “uma reflexão sobre todas as coisas que eram necessárias e deixaram de ser”, como gravadores e película de filme.

“O cinema faz parte do núcleo central do filme e há referências a realizadores, sim”, disse.

Margarida Gil, que nasceu na Covilhã em 1950 e estudou em Lisboa, considera que entrou no cinema quando achou “que tinha alguma coisa para dizer”, em 1987, com “Relação Fiel e Verdadeira”.

Na verdade, Margarida Gil já estava há muito envolvida no cinema. Nos anos 1970, em paralelo ao trabalho na RTP, foi argumentista, produtora, atriz, nomeadamente com o realizador João César Monteiro, com quem foi casada, e fez parte da cooperativa de cinema Grupo Zero, que também contava com Solveig Nordlund, Alberto Seixas Santos e Acácio de Almeida.

Os filmes foram surgindo de impulsos, sonhos, leituras.

“Eu não procuro assuntos, de todo, nunca me aconteceu. Muitas vezes veem de sonhos, o ‘Perdida Mente’ (2009) nasceu de um sonho, há coisas neste filme que veem de sonhos. O meu inconsciente é bastante dinâmico. (…) Isso de contar histórias não me diz nada. Eu gosto de mostrar o mundo”, disse.

“Mãos no Fogo” não tem ainda data de estreia confirmada nos cinemas portugueses, mas Margarida Gil diz-se “mesmo disposta a fazer todo o possível para que o filme tenha o máximo de público. Que veja. Não é para ter números. É que veja”, sublinhou.

“É preciso que as pessoas ponham de lado preguiça, ignorância, ideias feitas e vão ver. Dá tanto trabalho, custa tanto dinheiro, mexe com tanta gente que depois o filme ficar na gaveta é inaceitável – ou ser maltratado, como me aconteceu tantas vezes”, criticou.

Margarida Gil também lamenta que o cinema português tenha poucos espectadores em sala e que em Portugal não exista uma cultura defensora como em Espanha, nem uma política de exibição protetora como em França.

“O cinema português, caramba, é muito pujante e muito bom! Há filmes muito bons, gente novíssima, realizadoras novas a aparecer. O povo português está habituado a todas as porcarias que lhe impingem desde o 25 de abril. Todas as salas de cinema eram cheias dos subprodutos que a indústria americana impunha, em todo o mundo”, afirmou.

O festival de cinema de Berlim decorrerá de 15 a 25 de fevereiro e o filme “Mãos no Fogo” está integrado na secção competitiva “Encontros”, tendo sessões marcadas entre os dias 22 e 25.

Programas de Autor

Episódios Recentes Ver Mais

Notícias

Regional 3 Dezembro, 2025

Bloco de Esquerda conquista avanços para o Alto Minho no Orçamento de Estado de 2026

O Bloco de Esquerda conseguiu aprovar, no Orçamento de Estado para 2026, duas propostas históricas para o Alto Minho: a requalificação do portinho de Vila Praia de Âncora, em Caminha, e as dragagens em Castelo de Neiva, em Viana do Castelo.

Regional 3 Dezembro, 2025

GNR de Viana do Castelo intensifica operações e regista 16 detenções em uma semana

Entre os dias 24 e 30 de novembro, o Comando Territorial de Viana do Castelo realizou um conjunto de operações que visaram a prevenção da criminalidade, fiscalização rodoviária e segurança geral, resultando em 16 detenções e várias apreensões.

Regional 3 Dezembro, 2025

Luís Nobre integra Conselho Económico e Social do Conselho Regional do Norte

O Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, Luís Nobre, passou a integrar o Conselho Económico e Social do Conselho Regional do Norte, órgão deliberativo da CCDR-N, reforçando assim a voz do concelho nas instâncias que orientam o desenvolvimento estratégico da região.

Regional 3 Dezembro, 2025

Bombeiros de Viana do Castelo realizam treino operacional aberto ao público

A Companhia de Bombeiros Sapadores de Viana do Castelo abriu, no passado sábado, as portas do Centro Cultural para um treino operacional destinado ao público em geral. A iniciativa teve como objetivo aproximar a população do dia a dia da corporação, mostrando a exigência física, a técnica e o trabalho de equipa envolvidos nas operações dos bombeiros.

Internacional 3 Dezembro, 2025

Sonic Blast regressa à Praia da Duna do Caldeirão em 2026 com cartaz de peso

O festival Sonic Blast vai voltar a animar a Praia da Duna do Caldeirão, em Âncora, concelho de Caminha, entre 6 e 8 de agosto de 2026, para a sua 14.ª edição. A organização anunciou os primeiros 22 nomes que irão marcar presença no evento, reforçando a aposta em sonoridades pesadas, psicadélicas e alternativas que fazem do Sonic Blast uma referência no panorama europeu.

Música 3 Dezembro, 2025

Excesso cancelam concerto em Viana do Castelo e mais duas datas da digressão

A banda Excesso anunciou o cancelamento de três concertos da sua nova digressão “Lado B”, entre os quais o espetáculo que estava previsto para 10 de janeiro de 2026, no Centro Cultural de Viana do Castelo.

Desporto 3 Dezembro, 2025

Juventude Viana recebe SC Tomar nos 16 avos de final da Taça de Portugal

O Pavilhão José Natário, em Viana do Castelo, será o palco do confronto entre Juventude Viana e SC Tomar, dos 16 avos de final da Taça de Portugal de hóquei em patins. O jogo está marcado para o próximo dia 10 de janeiro de 2026.