Logo
Regional

Planta invasora em “grande escala” no rio Minho bloqueia pescas

4 Novembro, 2024 | 15:55
Partilhar
Viana TV
3 min. leitura

A elódea, uma planta infestante presente “em grande escala” no rio Minho, “bloqueia completamente” as redes de pesca do sável e da lampreia, impossibilitando o trabalho dos pescadores, revelou a associação de profissionais de pesca.

Esta planta aquática “está presente no rio Minho em muito grande escala. Prejudica muito as atividades da pesca, sobretudo do sável, da lampreia ou da solha. Ficamos com as redes completamente tapadas, bloqueadas”, descreveu Augusto Porto, da Associação de Profissionais de Pesca do Rio Minho e Mar.

Em causa está “uma alga que se solta e se enrola nas redes de pesca do sável e da lampreia”, tornando o trabalho dos pescadores “impossível”, disse.

“Uma arte de pesca podia trabalhar o dia inteiro, mas quando encontramos esta alga gastamos uma, ou duas, ou três [artes de pesca], e mesmo assim não conseguimos trabalhar”, lamentou, explicando que esta flora infestante “parece uma corrente e emaranha a rede toda”.

De acordo com o pescador, a invasora “concentra-se mais a montante do rio Minho, mas, com as correntes ou tempestades, acaba por interferir em todo o leito do rio”.

Augusto Porto afirma que se “tem posto a questão” da necessidade de retirar as elódeas do rio Minho, mas admite que o facto de a alga existir “em tão larga escala” dificulta a ação.

“Deviam ser retiradas, mas o ideal seria como estão a fazer no rio Mondego com outro tipo de espécie invasora, que era tirar do rio através de uma trituração da alga”, observou.

Para a bióloga e ambientalista Ana Lages, a elódea é a planta infestante que mais preocupa no rio Minho, porque está muito disseminada e afasta os peixe nativos, atrai espécies invasoras e afeta as pescas.

“As elódeas são a espécie de invasoras aquáticas mais preocupante no rio Minho, porque está mesmo muito disseminada e praticamente em todos os rios e ribeiros do Alto Minho”, indicou a especialista, que faz parte da Corema, uma Organização Não Governamental de Ambiente (ONGA) com sede em Caminha, no distrito de Viana do Castelo.

Ana Lages esclarece que esta planta infestante “começa a crescer, forma mantos e torna os rios praticamente intransitáveis”, para além de os deixar pouco atrativos para “as espécies de peixes nativas, que gostam de águas mais movimentadas e oxigenadas e deixam de frequentar essas zonas”.

A espécie propaga-se “através de pequenos fragmentos” e retirá-la sem um trabalho técnico especializado pode provocar maior propagação, assinala.

“Se a puxarmos, se calhar estamos a fazer pior, porque esses fragmentos podem espalhar-se pelo rio até que encontrem novo local para se instalar e propagar-se mais”, observa.

A bióloga admite que travar a infestação seja possível, mas desconhece que tenha sido equacionada.

“Pode haver algo a fazer, mas implica muitos custos e uma intervenção muito bem gerida e planeada, envolvendo muita maquinaria e muitos recursos humanos. É muito dispendioso e muito trabalhoso. Como ainda por cima está dentro de água é complicado”, assinala.

Para a especialista, não é possível atribuir à invasora a responsabilidade única pelo decréscimo de algumas espécies de peixes no rio Minho.

“Num rio dinâmico existem vários fatores de influência: sobrepesca, poluição, mexer nas areias”, explica.

Contudo, “as espécies de plantas invasoras não ajudam nada”, ressalva.

“O sável, a solha, a truta e mesmo o robalo, que é de água salgada mas entra no rio Minho, gostam de água movimentada, oxigenada. Se não tiverem essas condições, deixam de lá estar”, refere.

Os pescadores, “que antes iam até determinadas zonas para apanhar essas espécies, já não o fazem”, porque, “em vez de apanharem espécies nativas, apanham espécies não nativas e algumas invasoras, como é o caso da carpa e do achigã”, indica.

Ana Lages revela que, em Vila Nova de Cerveira, na praia fluvial da Lenta, existia uma marina muito utilizada na pesca desportiva, onde alguns pescadores até colocavam redes, mas que “neste momento está intransitável” devido à infestação.

Programas de Autor

Episódios Recentes Ver Mais

Notícias

Desporto 8 Novembro, 2025

Piscina de Barroselas dá primeiro mergulho inclusivo com nova cadeira aquática

A Piscina Municipal de Barroselas, em Viana do Castelo, passou a dispor de uma nova cadeira de transferência aquática, equipamento que permite a pessoas com deficiência motora e/ou cognitiva aceder ao plano de água com segurança e autonomia.

Desporto 8 Novembro, 2025

Governo reforça investimento no desporto em 2026 com aumento de 8,1 milhões de euros

O Orçamento do Estado para 2026 prevê 58,7 milhões de euros para o desporto, mais 8,1 milhões do que este ano, anunciou a ministra da Cultura, Juventude e Desporto, Margarida Balseiro Lopes.

Regional 8 Novembro, 2025

Viana do Castelo: Calendário Solidário “Nina, a Bombeira” 2026 já disponível

Viana do Castelo volta a acolher uma iniciativa solidária que já se tornou tradição: o Calendário Solidário “Nina, a Bombeira” 2026. A mascote dos Bombeiros Voluntários da cidade volta a unir comunidade e solidariedade, ajudando a angariar fundos essenciais para a corporação.

Regional 8 Novembro, 2025

Bênção do Caloiro em Viana do Castelo destaca união e espírito comunitário

Viana do Castelo acolheu, no inicio da semana, a tradicional bênção do caloiro, organizada pelo Departamento Diocesano da Pastoral do Ensino Superior, em parceria com a Federação Académica do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC).

Cultura 8 Novembro, 2025

“Vira do Minho” conquista dois prémios no Finisterra Portugal Film Art & Tourism Festival 2025

O filme “Vira do Minho”, realizado por Flávio Cruz, foi duplamente premiado na 13.ª edição do Finisterra Portugal Film Art & Tourism Festival, que decorreu este ano em Sines. A obra distinguiu-se entre 165 filmes de 35 países, arrecadando o Prémio Especial do Júri e o Prémio de Melhor Banda Sonora.

Música 8 Novembro, 2025

Monção recebe espetáculo inédito de música pimba reinterpretada

O Cine Teatro João Verde, em Monção, acolhe este domingo, dia 9 de novembro, o espetáculo “E os DesFados… Pimba?”, que apresenta versões inéditas de alguns dos maiores clássicos da música pimba.

Regional 8 Novembro, 2025

Paredes de Coura recebe Feira de Troca de Sementes para promover biodiversidade

Paredes de Coura acolhe hoje, 8 de novembro, mais uma edição da Feira de Troca de Sementes, no Museu Regional, numa iniciativa que pretende sensibilizar a população, especialmente os mais jovens, para a importância da preservação da biodiversidade e do património genético local.