Logo
Opinião

OPINIÃO: Sinais dos (novos) tempos

31 Dezembro, 2023 | 12:50
Partilhar
Cesar Brito
3 min. leitura

As épocas festivas de final de ano são propícias a balanços do passado e reflexões sobre o futuro. Esses exercícios têm-se tornado, ano após ano, cada vez mais preocupantes quanto ao passado e angustiantes no que ao futuro diz respeito, sendo progressivamente mais difícil e complexo fazê-los com razoável grau de previsibilidade e acerto.

O mundo está a mudar muito rapidamente e as estruturas políticas e sociais em que, tradicionalmente, se confiava a gestão das mudanças e a adaptação às novas situações, dão sinais cada vez maiores de insuficiência, impotência ou falta de credibilidade para acompanhar a turbulência global e acomodar os novos problemas, gerando descontentamentos que se tendem a anichar no radicalismo e no populismo, na senda do ditame popular que “para grandes males, grandes remédios”.

A história do mundo no primeiro quartel do século XXI coloca-nos perante desafios cuja superação exige respostas à escala global: a urgência do combate às alterações climáticas e a imperativa transição energética; os conflitos armados, antigos e recentes, geradores de crises humanitárias e perturbações na estabilidade dos mercados internacionais; as vagas migratórias crescentes, em diferentes continentes, em si mesmo simultaneamente causa e efeito das inquietações e desesperança das crescentes desigualdades sociais, dos novos focos de pobreza e dos excluídos da sociedade tecnológica e da economia digital.

Conjunturas críticas desta natureza exigem ponderação na análise, equilíbrio na decisão e firmeza na ação. Com decisores credíveis e instituições respeitadas. Ora, os sinais que vemos são opostos a isso. Por cá, como lá fora, a qualidade da classe política degradou-se significativamente nos últimos anos. Os carreiristas, paulatinamente, foram ocupando o lugar dos estadistas. A sobrevivência na espuma do momento mediático e no ranking dos painéis de popularidade tolheu a paciência, engenho e arte de tecer políticas estratégicas de longo prazo. A impreparação e deficiente dimensão ética para a gestão da coisa pública abriu caminho a informalismos, abusos de poder e tráfico de influências. Com a agravante destas coisas tenderem a contaminar o tecido social. Quando o exemplo de topo é fraco, a base tende sempre a afrouxar, perdendo rigor e exigência.

Um pouco por todo o mundo, desde governos a organismos internacionais ou comunitários, assistimos a uma progressiva diminuição da confiança nas instituições e organizações ditas tradicionais e nos seus líderes. Nas sociedades democráticas, o saudável e ponderado escrutínio dos seus agentes vê-se numa espécie de competição desigual com a pressão dos media que, mais que rigor, precisam de notícias em permanente fluxo capazes de aguentar as audiências.

Perante isto, as reações que vamos vendo é a tendência para procurar no extremismo e no populismo respostas imediatas e diferentes ao atual status quo. Ainda há duas ou três décadas acharíamos improvável, se não mesmo impossível, assistirmos a posições e agendas radicais entrarem na órbita do poder em tantos países e regimes democráticos e moderados. Umas com sustentação ideológica bem definida, grande parte delas, contudo, sem grande consistência programática nem coerência global, não se vislumbrando nada de sólido para além de um amontoado avulso de propostas sectoriais que visam agregar com esperança e conforto os diversos descontentamentos e temores sociais e/ou promoção de figuras carismáticas com perfil de personalidade forte e autoritário.

Os sinais que vamos tendo é uma mistura de retórica emocional, demagogia, autoritarismo e até, nalguns casos, megalomania, a ganhar adeptos e influência política e social. A dimensão que esta tendência atingirá e suas consequências não é coisa de fácil previsão. Para já, fiquemo-nos pela constatação que o ano que agora finda voltou a evidenciar. São os sinais dos (novos) tempos…

César Brito

Programas de Autor

Episódios Recentes Ver Mais

Notícias

Regional 6 Julho, 2025

Inaugurada nova sede da junta de freguesia de Perre

O Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, Luís Nobre, marcou presença na inauguração da sede da junta de freguesia de Perre, que foi alvo de uma empreitada de refuncionalização da antiga escola primária.

Regional 6 Julho, 2025

Valença Aqua Park já começou

O Valença Aqua Park abriu esta sexta-feira, no Complexo Desportivo do Sport Clube Valenciano, e promete animar os fins de semana deste verão com muita diversão para toda a família, até 17 de agosto.

Regional 6 Julho, 2025

Inaugurada rua da Padela em Vila Nova de Anha

O Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, Luís Nobre, marcou presença na cerimónia de inauguração da nova Rua da Padela, na freguesia de Vila Nova de Anha, que foi alvo de uma empreitada de requalificação para proporcionar melhorias significativas nas condições de circulação e mobilidade da população local.

Regional 6 Julho, 2025

Viana do Castelo com 11 praias com Bandeira Azul, seis com Qualidade de Ouro e duas acessíveis

O Presidente da Câmara Municipal hasteou, de forma simbólica, a bandeira azul no Navio-Hospital Gil Eannes e entregou as bandeiras aos presidentes de junta de freguesia cujas praias foram distinguidas.

Regional 6 Julho, 2025

Viana do Castelo é uma das três cidades com melhor qualidade do ar em Portugal

Faro, Viana do Castelo e Viseu são as três cidades com melhor qualidade do ar em Portugal, de acordo com o visualizador das cidades europeias mais limpas da Agência Europeia do Ambiente (AEA).

Regional 6 Julho, 2025

CIM Alto Minho promove sessão do AgroSocial Lab para debater sustentabilidade e inovação no setor agroalimentar

A Comunidade Intermunicipal do Alto Minho (CIM Alto Minho) realiza, no próximo dia 10 de julho, pelas 15h00, no edifício Villa Moraes, em Ponte de Lima, uma sessão do AgroSocial Lab, iniciativa integrada no projeto transfronteiriço AGROSOCIAL, cofinanciado pelo programa Interreg Espanha–Portugal.

Desporto 5 Julho, 2025

Centenas de pessoas acompanharam funeral de Diogo Jota e André Silva

Centenas de pessoas marcaram presença, este sábado, no funeral dos dois irmãos. A cerimónia, destinada à família, amigos próximos e convidados, não impediu que uma multidão acompanhasse o momento no exterior.