O Governo está a preparar medidas para responsabilizar as administrações dos hospitais pelas suas listas de espera cirúrgicas, anunciou o coordenador do Plano de Emergência da Saúde que o executivo apresentou no fim de maio.
Nas jornadas parlamentares do PSD, Eurico Castro Alves fez um ponto de situação do plano, dizendo que há um ano a situação das parturientes e grávidas “era muito pior” do que a atual e antevendo que dentro de um ano será possível ter “uma grande cobertura nacional de médicos de família”.
No painel dedicado ao tema “Cuidar e Respeitar”, em que também interveio Isabel Jonet, presidente e fundadora do Banco Alimentar, o médico Eurico Castro Alves salientou, em especial, o que foi já possível fazer pelos doentes oncológicos que precisavam de uma cirurgia.
“Estamos a tirar muito mais doentes da lista do que estão a entrar. Estamos a criar um conjunto de medidas em que vamos responsabilizar as administrações dos hospitais, no sentido de fazerem uma coisa que até agora não acontecia: serem eles os responsáveis pela lista de espera do seu hospital e vamos dizer que não podem operar doentes de patologia benigna, deixando para trás doentes de patologia maligna”, disse.
Com estes futuros regulamentos, o médico disse prever que “nos próximos meses a lista de doentes oncológicos possa ser regularizada e possam ser todos operados em tempo útil”
Já quanto aos problemas de atendimento com parturientes e grávidas, Castro Alves admitiu que os problemas não estão todos resolvidos, mas considerou que “há um ano estávamos muito pior”.
“Tínhamos muito mais urgências fechadas (…) Não há notícia de uma mulher que tenha ficado por tratar ou de uma mulher que tenha tido uma criança na ambulância”, disse.
O coordenador do plano adiantou ainda existirem projetos-piloto no Porto em Lisboa para “tirar doentes dos serviços de urgência”, nomeadamente os casos sociais, e manifestou-se também otimista quanto ao aumento da cobertura da população com médico de família, recorrendo a centenas de milhares de médicos reformados com essa disponibilidade.
“Se este plano for aplicado, dentro de um ano vamos estar muito próximo de ter uma grande cobertura nacional de médicos de família”, vaticinou.
Eurico Castro Alves quis também responder ao que considera serem críticas injustas ao plano, dizendo que a sua primeira prioridade “é esgotar a capacidade do setor público”, só depois recorrendo ao setor social e ao privado”.
“Estamos a fazer mais pelo Serviço Nacional de Saúde do que os outros. Dos doentes oncológicos que operámos, 98,8% foram operados no SNS”, frisou.
A este propósito, o coordenador do plano de emergência quis deixar perante os deputados do PSD uma espécie de confidência.
“Durante este processo, um dirigente da associação dos hospitais privados pediu para reunir comigo (…) e veio dizer que vinha protestar porque aconteceu que tinha médicos a avisar que não iam trabalhar porque iam ficar a trabalhar no SNS. Nós somos aqueles que verdadeiramente protegem o setor público”, congratulou-se.
Na fase das perguntas, o líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, questionou se o país precisa de mais médicos por que razão se limita a abertura de mais cursos de Medicina e Emídio Guerreiro se não será altura de se rever a atual Lei de Bases da Saúde, de 2019.
Castro Alves admitiu que “há lugar a mais uma ou duas faculdades” de Medicina, mas defendeu que é preciso cautela para não “preparar mal os que vão cuidar de todos”.
Quanto à lei de bases, admitiu que a atual está obsoleta, e desafiou os sociais-democratas a trabalhar numa nova: “O país vai-vos agradecer”, disse.
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