Para que a doação em vida possa acontecer, explicou a especialista, a pessoa deve comunicar essa vontade junto de uma das sete unidades que fazem transplantação em Portugal. “Só podem ser dadores de rim quem for saudável. É preciso assegurar que a pessoa não tem nenhuma doença que impeça essa doação”, disse a responsável, sublinhando igualmente a importância de “minimizar os riscos desta doação para a própria pessoa”, para que não venha a desenvolver, mais tarde, uma insuficiência renal.
Questionada sobre a importância de o dador se certificar da segurança desta intervenção, afirmou: “Existem orientações internacionais sobre esta matéria e só é dador de rim quem estiver apto para os ser”.
Segundo a presidente da SPT, em Portugal, estão cerca de 1.800 pessoas a aguardar um transplante renal e o tempo de espera médio nesta lista é de cerca de cinco anos. “Muitos doentes estão em diálise este período de tempo”, refere.
A especialista aponta ainda o programa nacional e internacional de doação renal cruzada, em que se cruzam os transplantes quando os pares dador/recetor não são compatíveis.”Normalmente há um par dador/recetor, de dador vivo, e se não são incompatíveis entre si, esse par pode entrar num programa em que vários pares que estão nas mesmas circunstâncias [incompatíveis] entram num grupo, o que permite aumentar a compatibilidade entre si. O dador, em vez de dar àquele recetor, dá a um outro recetor do grupo e o recetor que pertence àquele par recebe de um outro dador do grupo”, explicou.
A especialista disse que o transplante de rim “permite melhorar a qualidade de vida e também melhora a expectativa de vida dos doentes que são transplantados”.
Relativamente à doação de órgão em vida, Cristina Jorge recorda que, além do rim, também é possível fazer transplantes de fígado e de partes do pâncreas, mas este último não se faz em Portugal.