Logo
Nacional

Armadores e sindicatos: “Sem imigrantes indonésios já não havia pesca em Portugal”

26 Agosto, 2024 | 9:37
Partilhar
Pedro Xavier
3 min. leitura

Armadores e sindicatos da pesca em Portugal concordam que a presença de imigrantes, a maioria indonésios, veio salvar o setor, devido à falta de mão-de-obra nacional disponível.

“Se não fosse esta solução da Indonésia e dos estrangeiros trabalharem na pesca, o setor tinha paralisado”, afirmou à Lusa o presidente da Associação Nacional das Organizações de Produtores da Pesca do Cerco (Anopcerco), Humberto Jorge.

Este mês, o Governo passou de 20% para 40% o limite de estrangeiros certificados permitidos em cada embarcação, respondendo aos pedidos dos operadores do setor.

“A medida faz todo sentido e para nós, setor, peca por tardia”, mas “não vai demorar muito até que ela [a meta de 40%] tenha que ser novamente alterada”, porque “há uma escassez de mão-de-obra muito grande, não só no setor da pesca, mas na maior parte dos setores primários”, observou Humberto Jorge.

A pesca é uma “atividade muito específica que obriga à formação profissional, que também é difícil e demorada, e, portanto, a importação de obra estrangeira qualificada, como é o caso dos indonésios, foi a solução que se encontrou” para resolver o problema, explicou o dirigente.

Mesmo em Rabo de Peixe, o principal centro piscatório dos Açores e um dos maiores do país, a presença de imigrantes é sentida.

“Há uma transferência do pessoal da pesca para o setor da construção” e, “embora aqui na ilha de São Miguel, não haja uma grande percentagem de indonésios, malaios ou das Filipinas”, acabam por “existir já muitos casos”, embora “muito menos do que no resto do país”, afirmou à Lusa Liberato Fernandes, dirigente do Sindicato Livre de Pescadores e Profissões Afins.

A tradição piscatória da região e os baixos rendimentos do arquipélago acabam por prender muitos pescadores açorianos à faina, mas “a tendência existe”, até porque muitos pescadores preferem que os “filhos sigam outras vidas, menos duras”.

No norte do país, João Leite, da Associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar, referiu que este fenómeno é mais evidente.

“Nós já estamos a trabalhar com os indonésios há muito tempo”, porque a “juventude [portuguesa] não está muito virada para o mar, quer tentar um curso superior e tentar outras oportunidades”, afirmou o dirigente.

“A Indonésia é um país de pescadores. E quando se começou a sentir a falta de mão-de-obra foi o país que se mostrou mais interessado em mandar gente para cá, há uns 15 anos”, recordou. O dirigente.

Em Caxinas, os trabalhadores estrangeiros são comuns nas embarcações de maior curso, mas João Leite acredita que a tendência vai aumentar.

“Não há hipótese. Se queremos aguentar o setor, precisamos de estrangeiros”, afirmou.

No entanto, existem ainda muitas dificuldades operacionais, principalmente no que respeita à regularização destes imigrantes especializados, agravadas pela ausência de resposta da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA).

“Temos muita dificuldade, sobretudo em fazer com que estas pessoas tenham as equivalências da formação que tiraram no seu país”, explicou Humberto Jorge.

Muitos são jovens recém-formados em escolas de pesca, cumprindo as “mesmas convenções internacionais de que Portugal faz parte”.

“À partida, deveria ser fácil ter equivalência, mas é bastante complicado concluir as coisas”, porque a “documentação é uma piscina difícil de nadar” e os atrasos na resposta criam “situações caricatas”, impedindo que estes pescadores sejam incluídos nas embarcações como pessoal marítimo.

Cada embarcação tem uma tripulação mínima, que deve ter a certificação adequada, e muitos destes marinheiros, “apesar de bem formados e muito qualificados”, não podem ser inscritos como profissionais.

Isto porque só podem ser inscritos como marinheiros se tiverem vistos de residência válidos.

“Há quem receba o visto um ano depois de o pedir e já está a terminar o contrato”, explicou o dirigente da Anopcerco.

A maioria destes contratos são sazonais e a legislação não tem um enquadramento que permita dar uma resposta rápida.

Já “tentámos falar com o Governo e pedir regras diferentes ou mais rapidez” mas, até agora, “não temos tido uma resposta positiva”.

Deve ser “feito um esforço para se adaptar a legislação à realidade do setor que é a realidade que as nossas empresas necessitam”, acrescentou ainda.

A Blisq Creative é uma agência de comunicação, especialista em planeamento estratégico, marketing digital, design e web. Orientamo-nos pela estratégia e pela criatividade

Programas de Autor

Episódios Recentes Ver Mais

Notícias

Desporto 23 Novembro, 2024

Voleibol Clube de Viana voltou às vitórias no campeonato

Em jogo da 9.ª jornada da Liga Una Seguros, realizado este sábado no Pavilhão de Santa Maria Maior, o Voleibol Clube de Viana derrotou (3-2) o Sporting de Espinho com parciais de 26-24, 19-25, 25-23, 15-25 e 15-11.

Desporto 23 Novembro, 2024

Juventude Viana ganha em Riba d`Ave

A Juventude Viana deslocou-se, este sábado, a Riba d`Ave para defrontar a equipa local, em jogo correspondente à 7ª jornada do campeonato nacional da 1ª divisão de hóquei em patins. A formação de Viana do Castelo realizou uma boa partida e alcançou a segunda vitória consecutiva na competição.

Desporto 23 Novembro, 2024

Santa Luzia perde em casa com o Maia para a Liga Feminina de Futsal

Arrancou, este sábado, a nona jornada da Liga Feminina Placard, com a realização de três encontros. No Pavilhão José Natário, o Santa Luzia foi surpreendido pelo Maia. A equipa de Viana do Castelo perdeu por 2-3.

Regional 23 Novembro, 2024

“A Magia do Natal” em Vila Nova de Cerveira arranca a 30 de novembro

O ato simbólico de 'Ligar das Luzes' (30 de novembro) marca o arranque da diversificada e surpreendente programação de Natal de Vila Nova de Cerveira. A 'Chegada do Pai Natal' e o Mercado de Natal em dois fins-de-semana são outros momentos esperados por milhares de pessoas que visitam a 'Vila das Artes' para sentir e viver o espírito desta quadra festiva.

Regional 23 Novembro, 2024

Cerca de 35 mil utentes com acesso a consulta de saúde oral em Arcos de Valdevez

O gabinete de saúde oral do centro de saúde de Arcos de Valdevez entrou em funcionamento. Irá servir perto de 35 mil utentes do concelho e é o primeiro do distrito de Viana do Castelo.

Regional 23 Novembro, 2024

GNR sinalizou mais de 42.800 idosos a viverem sozinhos ou isolados

A GNR sinalizou entre 1 de outubro e 15 de novembro 42.873 idosos que vivem sozinhos ou isolados, ou em situação de vulnerabilidade, no âmbito da Operação Censos 2024.

Desporto 23 Novembro, 2024

Cerca de 600 atletas participam hoje no Urban Trail Night Eurocidade

A oitava edição da Urban Trail Night Eurocidade Valença – Tui, contará com cerca de 600 atletas, portugueses e espanhóis, masculinos e femininos, este sábado.